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Nossos pais imortais

>> quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Pai e mãe deveriam ser para sempre e nunca chegar ao fim. Mesmo com a doença, senilidade, dificuldades e velhice. Nós os queremos por perto. Para sempre. Imortais. Pai e mãe são a base de todo sentimento de segurança, de toda nossa referência de vida, são nosso porto seguro. São os braços que sempre nos abraçaram, quando éramos crianças e nos machucávamos e também nos momentos felizes, nos dias de sol quente, e sorrisos no rosto. Abraços que hoje são só saudades. E nós queremos que esses abraços estejam lá para sempre, mesmo que já não sejam tão fortes, nem tão firmes. Pois são esses os abraços que conhecemos tão bem, e nos confortam como nenhum outro no mundo. Olhamos para nossos pais e vemos neles nossa história, nossas raízes. E não queremos o fim dessa história, e nem a poda dessas raízes. Olhamos para eles e nos vemos no dia de amanhã. E contemplamos assim a nossa própria mortalidade, o nosso ponto final. Podemos ser independentes, autossuficientes, maduros, já com nossos filhos, outro núcleo, e mesmo assim nunca estaremos preparados para a derradeira despedida, para o abraço e beijo finais. Queremos mais, queremos o para sempre. Mesmo quando os papéis mudam e passamos a cuidar deles, ao invés deles cuidarem de nós, mesmo quando eles se tornam pequenos e frágeis, queremos que o tempo se torne infinito e que nossos pais sejam eternos. Para eles seremos sempre filhos, e não queremos perder essa posição no mundo. Queremos o cuidado, o carinho, a preocupação, o amor e o colo, sentimentos que são únicos, inerentes ao amor de pai e mãe. Através dos seus olhos, seremos sempre crianças. E nossa infância e vida assim perduram. Queremos poder pedir a “benção” e sermos através deles abençoados por Deus. As relações de pais e filhos muitas vezes são conturbadas, difíceis e até mesmo guardam resquícios de rancor e mágoa. Mas o elo permanece, e pai e mãe, aqueles que nos colocaram no mundo e que nos criaram, são únicos, e apenas a eles podemos nos referir como “pai” e “mãe”. Nossos pais são nossa ascendência, nosso passado, assim como nossos filhos são nossa descendência, nosso futuro. E dessa forma a vida vai tecendo os emaranhados caminhos das gerações. E quando o inevitável bate à nossa porta, não queremos atender. Continuamos desejando o para sempre. E quando o tempo nos mostra que aqueles que um dia foram nossos gigantes, hoje são nossos velhinhos, com suas rugas e suas limitações, ainda assim desejamos o eterno, a infinitude dos anos. Desejamos que eles sejam para sempre. Nossos pais imortais. 





Marisa

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O legado da Loba


Não tive a crise dos quarenta. Acho que não sou uma mulher de crises, sou uma mulher de fases. E de cada uma delas tirei a melhor lição e fui embora sem rancor e sem arrependimentos. Fui uma aproveitadora de fases. E também uma grande apreciadora da vida. E como a vida foi boa comigo. Me deu os filhos sonhados e a delícia de um amor tranqüilo. Daí a loba chegou e me trouxe além de tudo, sorte. Me trouxe leveza, tolerância e um pouco mais de exigência também. Aos quarenta, com os óculos da loba, a vida me parece sempre bela. Na pele da loba me sinto mais segura, conheço bem meus defeitos, meus limites e me situo melhor no mundo. A loba me trouxe um Leão, e desse encontro, dois filhotes. Fiquei mais forte, mais hábil, e por eles, enfrento tempestades, enfrento inclusive a mim mesma. E a isso chamo maturidade. Tenho menos fricote, consigo perceber a inteireza das coisas, consigo enxergar a abrangência dos acontecimentos. Sou melhor. E melhor que isso, me sinto melhor. Um corpo legal, a mente sã, e o espírito sempre em evolução. A busca é constante, mas é tão bom sentir que a estrada é essa e que a direção é a mesma que queríamos tomar, lá atrás, quando então pensávamos no futuro. Os anos me deram tesouras e ao longo da vida fui cortando os excessos. O mais se tornou menos. E toda ansiedade, urgência e curiosidade se transformaram em ruguinhas simpáticas, alguns quilinhos e a serenidade que só a idade nos concede. Fiquei mais bonita, fiquei mais eu. E de tanto procurar por outros, procurar por tudo, eu me encontrei. Sou feliz de uma forma mais gostosa. Adoro as excentricidades que os quarenta nos permitem. O que com vinte era ridículo, aos quarenta é chique. Podemos tudo. E sim, queremos tudo também. Pecamos com menos culpa, porém com mais consciência. Nossos sonhos estão aqui e agora. Nossos planos estão acontecendo. O futuro é hoje. A loba foi generosa comigo. Me ensinou a valorizar o que realmente é importante e a não me preocupar tanto. Não tenho medo de envelhecer. Quero ficar bem velhinha, com meu baú de preciosidades cheio de boas histórias, repleto de lembranças que me façam rir e suspirar. E lembrar não somente do que aconteceu, mas principalmente do que eu gostaria que tivesse sido. Por isso o tempo agora tem um sabor diferente. Eu sei o que esperar e às vezes, somente às vezes, sei também como agir. Com a loba, aprendi a viver. Hoje, lado a lado com ela, não temo tanto pelo futuro. A vida é mais suave. Todos os anos bem vividos me deixaram plena. O passado ficou para trás, com todos os seus ensinamentos e aprendizados. O futuro me olha sedutor. Me sinto no meio do caminho. Uma história que já foi feita e uma outra história ainda por escrever. Satisfeita, mas com o querer do porvir. O legado da loba para mim foi abundante. Com a vida na balança, vejo que o saldo foi positivo. Muito amor, muitas realizações, sabedoria e luz. Consegui ouvir a voz do meu coração e seguir minha intuição. Fiz escolhas, acertei algumas vezes e errei outras tantas também. E é bom chegar aqui assim. Poder olhar no espelho, ver o reflexo da loba que sou e me reconhecer nele. E assim me sentir realizada. É, a vida tem sido boa para mim. 



Marisa
 — em Florianópolis.

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