A morte que nos espreita
>> sexta-feira, 27 de julho de 2012
Não gosto de pensar na morte. Sou movida pela
vida, e sigo seu curso, tentando aproveitá-la ao máximo. A morte, a perda de
pessoas queridas, deixo num cantinho guardado na minha mente, evito
freqüentá-lo e não dou muita bola para ele. Mas a morte está sempre à espreita,
como que pairando no ar. Ela existe, e é inevitável. Todos nós vamos ter nosso
encontro com ela, cedo ou tarde, e a forma como esse encontro se dará, vai
depender muito do nosso desempenho na vida. Às vezes ela nos chega em dias
alegres e despreocupados, e nos dá um chacoalhão, como quem diz, aproveita pra
ser feliz agora querida, por que eu estou por aí e não tardo a aparecer. Na
verdade não estamos nunca preparados para perder quem amamos, velhos ou jovens,
o tempo nunca será suficiente para aproveitar a companhia desses amores. Sim, a
morte é triste, e vem com um machado para ceifar presenças bonitas, iluminadas
e importantes na vida. Sim, a morte fabrica saudade, gera ausência e em algumas
situações, indignação e revolta. Talvez seja a única certeza que temos na nossa
existência e mesmo assim evitamos pensar nela porque nos causa dor, angústia e
até mesmo medo. Cada cultura tem sua forma de encarar a morte e de enfrentá-la,
tem seus rituais e crenças, mas a grande verdade é que mesmo com todo o avanço
tecnológico, a morte continua a ser um enorme e infindável mistério. Alguns até
a procuram, por acreditarem ser ela uma solução para suas aflições e problemas.
Eu penso que mesmo quem vive muito não viveu o suficiente. Já perdi pessoas
preciosas, sofri e ainda sofro de saudades e vez ou outra a morte me pega de
surpresa, quando já tinha me esquecido dela. E aí nos deparamos com perdas
difíceis, amigos passando pela dor de ver quem se ama ir embora para sempre. O
que dizer nessas horas? Será que algo que falarmos vai aplacar o desespero e o
coração apertado? Só o tempo cura, diz o ditado. Mas a palavra amiga, o ombro
que conforta, e a simples presença, são bálsamos para esses momentos. E a nós
resta guardarmos a morte num cantinho
bem escondido do pensamento e continuar vivendo como se esse fosse o
último dia, com amor,fé e esperança, até o próximo encontro com ela. E que ele demore a acontecer.
Marisa
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