E na politicagem
>> quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Foi capa de uma revista semanal, a notícia infame de que havia sido quebrado o sigilo fiscal da filha de um candidato à Presidência do Brasil. Foi noticiado em várias mídias, sob vários enfoques. Indignação por parte de alguns, ficamos alarmados com essa barbariedade. A sensação que temos é que não estamos seguros com nossas informações, que cedemos para fins fiscais, e não para joguetes vis em tempos de eleição. Porque se isso acontece com as pessoas públicas, imagine conosco, cidadãos comuns. A facilidade com que qualquer pessoa entra em um órgão público, de posse de documentação falsa, e consegue informações que deveriam ser sigilosas e protegidas, é espantosa. As instituições públicas, que deveriam servir à população, está "aparelhada". Ouvi e li esse termo em vários canais de comunicação, e a realidade é ainda mais aterrorizante. O poder executivo, que deveria investigar e punir os responsáveis por tal arbitrariedade, nada fez, mais uma vez se calou, minimizou o problema, como de costume nesse mandato vermelho e estrelado. "Aparelhando" as intituições públicas, o governo atua em favor do partido e não do povo brasileiro. Vergonhoso e repugnante. Além de ferir gravemente a nossa Constituição. O mais chocante é que as camadas mais desfavorecidas, e justamente aquelas que decidirão quem serão nossos próximos governantes, não tem idéia da gravidade de um delito desse porte. Continuam caminhando rumo à ignorância, paparicados por programas assistencialistas e cestas básicas. À eles faltam discernimento e informação, raciocínio e julgamento efetivos. Talvez seja por isso, que próximos de eleições tão importantes, o clima geral é de descaso, até mesmo de tédio, amparados pela mesmice dos políticos de sempre, das prospostas de sempre. Ninguém mais acredita em mudanças reais. Estamos todos paralisados com a banalização de temas tão importantes, como cidadania, honestidade e retidão de caráter. E as notícias alarmantes que nos invadem todos os dias, já não nos causam mais espanto, nem mesmo indignação. Eu mesma me sinto impotente quanto a minha decisão de voto. Mudei de cidade há dez anos e não transferi meu título de eleitor. Não estou exercendo um de meus mais cruciais deveres e direitos, o de voto, de escolha. Me lembro das conversas que tinha com minha querida vovó Rosinha, nas minhas tardes de visita à ela. Minha vó era extremamente politizada e uma mulher á frente de seu tempo. Gostava de se informar e atuava positivamente no seu pequeno universo. Ela me contava das aventuras de meu avó pelo interior goiano, e de como ele gostava da "politicagem". Adoro essa palavra. Tão vovó. Meu avô nunca exerceu um cargo público, mas esteve sempre envolvido na tal da politicagem. Homem honesto e honrado. Comprometido e leal. Como os políticos de sua época. Época em que política era uma vocação, levada á sério em prol de um bem maior, a favor dos mais carentes. Hoje, no meu tempo, não vejo uma luz no fim do túnel. Olho pra frente, e vejo carinhas famintas, famintas de comida, de educação, de saúde e de vida digna, de qualidade. Olho para meus filhos e imagino que mundo os aguarda no futuro. Olho para mim mesma e vejo uma alma letárgica, anestesiada pela fanfarronice que impera no cenário político atual. Como dizia vovó Rosinha: Tá tudo errado!
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